segunda-feira, 16 de abril de 2012

Atividade 2 - Ameaças à Biodiversidade

O ano 2010 foi declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Ano Internacional da Biodiversidade. Em 1992, durante a Cúpula da Terra, a maior convenção da história mundial sobre o meio ambiente, foi disponibilizada para assinatura a Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB),com o objetivo de conservar a biodiversidade existente, o seu uso sustentável e a repartição equitativa e justa dos benefícios gerados. Apesar dos 191 países signatários, a verdade é que esta convenção não atingiu os seus objetivos, evidenciando-se nos últimos anos um acentuado declínio da taxa anual da perda de biodiversidade.

No decorrer da Cúpula da Terra, o discurso de Severn Suziki , representante da Organização das Crianças em Defesa do Meio Ambiente, foi um verdadeiro "despertar" para as consequências das ações antropogénicas no meio ambiente.

Dada a situação, o Ano Internacional da Biodiversidade surge numa tentativa de unir esforços a nível mundial para a consciencialização dos cidadãos do mundo, incentivando-os a detetar ameaças e a promover soluções revolucionárias para combater as mesmas.


O Relatório final de avaliação - “Millennium Ecosystem Assessment” indica um conjunto de promotores de mudança que afetam indiretamente a biodiversidade, através da sua influência nos promotores diretos de mudança da biodiversidade. Existe uma inter-relação, determinada por fatores de causa (promotores indiretos) e efeito (promotores diretos).


Os promotores indiretos apontados pelo “Millennium Ecosystem Assessment” relacionam-se com os seguintes fatores: demográfico, económico, sociopolítico, ciência e tecnologia e cultural e religioso. Realmente torna-se difícil uma gestão sustentável dos recursos naturais quando já atingimos uma população mundial de 7 mil milhões, principalmente se olharmos para a globalização numa perspetiva capitalista, em que o que conta são os lucros que os países desenvolvidos poderão retirar da exploração da biodiversidade.


Como já foi referido, os promotores indiretos de mudança na biodiversidade, levam a mudanças nos promotores diretos, tais como:
  • Mudanças no uso e cobertura vegetal. Ex: a drenagem das zonas húmidas para obtenção de terrenos agrícolas leva a uma perda de biodiversidade, dado que as zonas húmidas são “ecossistemas muito dinâmicos e ricos na variedade de organismos que abrigam”. (Carapeto, 2010).

  • Introdução e remoção de espécies. Ex: a introdução de espécies de flora invasora nos Açores como o incenso (Pittosporum undulatum) e a roca-da-velha (Hedychium gardneranum) provocaram desequilíbrios no habitat de espécies florísticas endémicas, características da Floresta Laurissilva, o que consequentemente alberga consequências para as espécies de fauna.


    Imagem Pittosporum undulatum (incenso).
    Disponível no Portal da Biodiversidade dos Açores: http://www.azoresbioportal.angra.uac.pt/


  • Sobreexploração. Ex: a sobrexploração da amêijoa-boa (Tapes decussatus), um molusco pertencente à classe Bivalvia, que nos Açores apenas existe na Lagoa da Caldeira de Santo Cristo, na ilha de São Jorge, leva a que seja necessário a implementação de políticas com vista à sustentabilidade desta espécie.

  • Poluição. Ex: A eutrofização causada pelo excesso de nutrientes na água conduz à perda de biodiversidade, como é o caso da Lagoa das Sete-Cidades e das Furnas (ilha de São Miguel). “As Lagoas das Sete-Cidades e Furnas, situadas na Ilha de S. Miguel (Açores), têm vindo a sofrer um processo de eutrofização potenciado pela existência de exploração agro-pecuária intensiva no seio das respectivas bacias hidrográficas. A degradação da qualidade da água e as alterações no ecossistema aquático têm preocupado a população em geral e a administração pública regional em particular, que tem procurado acompanhar a evolução deste problema através da realização de campanhas periódicas de monitorização” (Santos, M. et al, 2004).

  • Alterações climáticas (causas antropogénicas). As mudanças climáticas podem levar à alteração dos ecossistemas terrestres e marinhos, reduzindo a sua produtividade, podendo levar mesmo à extinção de espécies faunísticas e florísticas que não se consigam adaptar rapidamente. Em 2007 o Painel Intergovernamental sobre alterações climáticas referiu que “o aumento global das temperaturas normais, observado a partir da segunda metade do século XX, deve-se sobretudo ao crescimento observado de emissões de gases de origem antropogénica com efeito de estufa”. É urgente refletirmos se estamos a honrar o compromisso que tomamos no Protocolo de Quioto.


    As ameaças apresentadas remetem-nos para a questão apresentada por Myers: “How long do we have?”. Cada vez mais existem áreas protegidas e diversos enquadramentos legislativos a nível internacional, regional e local. Mas será que ainda temos tempo para evitar a destruição de habitats e a extinção de espécies?Necessitamos de ter sempre em mente que o Homem faz parte do ecossistema, logo a perda de biodiversidade afeta a nossa qualidade de vida, assim como poderá colocar em risco a sobrevivência humana.

Bibliografia:
- Carapeto, C. (2010). Zonas Húmidas Naturais e Artificiais: características, proteção e benefícios. Editora Bubok.
- Cotrim, J. et al (2009). Objetivos de Desenvolvimento do Milénio. Ganhar a Vida. Objetivo 7 – garantir a sustentabilidade ambiental. Edição Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD).
- Myer, N. Biodiversity II. The rich diversity of biodiversity issues. Disponível na Plataforma da Universidade Aberta –UC Biodiversidade, Geodiversidade e Conservação. Acedido a 16 de abril de 2012.
- Millennium Ecosystem Assessment (2005). Ecosystems and Human Well-being: Biodiversity Synthesis. World Resources Institute, Washington, DC. Disponível na Plataforma da Universidade Aberta –UC Biodiversidade, Geodiversidade e Conservação. Acedido a 16 de abril de 2012.
- Pereira, Nuno (2007). Dissertação de Mestrado em Ciências do Mar. Avaliação do Potencial Aquícola da População de Amêijoas Venerupis aurea (Gmelin, 1791) da Ilha de S. Jorge (Açores). Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. Disponível em http://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/56284. Acedido a 16 de abril de 2012.
- Santos, M. et al. A Eutrofização das Lagoas das Sete – Cidades e Furnas (São.Miguel – Açores). Análise evolutiva entre 1988 e 2002. 7º Congresso da água: água qualidade de toda a vida: resumos de comunicações:LNEC 8 a 12 de Março 2004. Vol. 2. Disponível em http://pt.scribd.com/doc/38628595/eutrofizacao. Acedido a 16 de abril de 2012.

1 comentário:

  1. Interessante a abordagem que fases da ameaça à biodiversidade, com exemplos práticos e específicos.

    ResponderEliminar