quarta-feira, 28 de março de 2012

Atividade 1 - O Valor da Biodiversidade

Durante muito tempo o homem não atribuiu qualquer valor intrínseco à natureza. Como consequência da visão antropocêntrica em que o homem se encontrava no centro do mundo, assumindo uma posição de superioridade face à biodiversidade, foi despoletada uma sobre-exploração antropogénica de recursos naturais, o que hoje em dia constitui uma das grandes problemáticas de destaque, discutidas a nível internacional.

É altura de repensar a relação entre o homem e a natureza, no sentido do homem assumir uma visão holística, em que atua como parte dos ecossistemas, atribuindo-lhes valor intrínseco e respeitando o seu ciclo natural.


Para a correta delineação de políticas sustentáveis que visem a conservação da biodiversidade é necessário equilibrar os três pilares base do desenvolvimento sustentável: pilar económico, social e ambiental.

De acordo com Pearce & Moran (1994), “Something is wrong with the way actual economic decisions are made – for some reason they fail to “capture” the economic values that can be identified”.

Sendo assim, é necessário repensar a biodiversidade em termos económicos, o que tal como o conceito de biodiversidade poderá adquirir uma visão ampla e diversificada, o que dificulta a atribuição de valores económicos. Apenas com a quantificação de valores económicos atribuídos à biodiversidade é que se consegue desenvolver políticas eficazes para a proteção de recursos naturais.

O documento elaborado por Christie et al (2006) demonstra que se têm desenvolvido estudos, adotando diversos métodos para que sejam construídas visões reais do valor económico da biodiversidade que sirvam de base ao desenvolvimento sustentável. Estes estudos dividem-se em dois objetos para atribuição de valores à biodiversidade: Recursos Biológicos (Ex: uma determinada espécie e um determinado habitat) e a Diversidade biológica destes recursos que poderão assentar no valor de keystones. Para a atribuição de um correto valor é necessário ter em conta medidas antropocêntricas e ecológicas, de forma a se construir uma visão mais geral que corresponsabilize os “utilizadores” da biodiversidade.

Em termos práticos podemos pensar no exemplo da prática de “WhaleWatching” nos Açores. Os Mares dos Açores constituem um verdadeiro ponto de atração para observação de cetáceos, acolhendo cerca de um terço das 81 espécies existentes no mundo. Durante longos anos a baleação foi um dos grandes pilares da economia açoriana. Entretanto, este quadro foi alterado pela criação de políticas que protegem os cetáceos e proíbem o desenvolvimento de práticas de baleação.

Contudo, conseguiu-se aliar a conservação de recursos biológicos ao seu valor económico, devido ao desenvolvimento de empresas turísticas de observação de cetáceos, que todos os anos incentivam inúmeros turistas a visitar o Arquipélago.

Como conclusão, podemos depreender que o desenvolvimento de estudos para a atribuição de valores económicos à biodiversidade é crucial para a implementação de políticas sustentáveis que visem a sua conservação.

Bibliografia:

Governo Regional dos Açores. Secretaria Regional do Ambiente e do Mar. Açores: Uma casa para os cetáceos.
Disponível em:
http://www.azores.gov.pt/Portal/pt/entidades/sram/publicacoes/A%C3%A7ores+-+Uma+casa+para+os+cet%C3%A1ceos.htm?lang=pt&area=ct. Acedido a 28 de março de 2012.


M. Christie et al. (2006). Valuing the diversity of biodiversity. Ecological Economics 58 304-317.

Pearce, D. & Moran, D. (1994). The Economic Value of Biodiversity. Association With the Biodiversity Programme of IUCN –The World Conservation Union. Earthscan Publication Limited. Disponível em: http://www.google.pt/books?hl=pt-PT&lr=&id=RdH6DRZY0KIC&oi=fnd&pg=PR9&dq=pearce+and+moran&ots=7gdjimKPUW&sig=bxvBVd0Uayslj-_UHEuOoPS-7xE&redir_esc=y#v=onepage&q=pearce%20and%20moran&f=false. Acedido a 28 de Março de 2012.

Acedido a 28 de Março de 2012.

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